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Baby do Brasil: Perdão a Abusadores Gera Investigação e Debate

Uma investigação foi aberta pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) contra a cantora Baby do Brasil e a casa noturna D-Edge. Declarações polêmicas foram feitas em um culto evangélico realizado na boate, na última segunda-feira (10), e motivaram a ação. Durante o evento, Baby pediu que vítimas de abuso sexual perdoassem seus agressores, incluindo casos envolvendo familiares.

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) protocolou uma ação solicitando a apuração do caso. A fala da cantora, segundo a deputada, configura incitação ao crime e condescendência criminosa, além de reforçar uma cultura de silenciamento e impunidade. O MPSP informou que o caso é analisado pela Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital.

Além da polêmica envolvendo Baby, um pastor também discursou em defesa da chamada “cura gay”, alegando ser um “ex-gay” transformado pela fé. Forte repercussão foi causada pelo evento, especialmente pelo fato de ter ocorrido em uma boate tradicionalmente frequentada pelo público LGBT+.

Sâmia Bomfim destacou, na ação movida contra Baby do Brasil, que incentivar vítimas a perdoarem abusadores pode desencorajar denúncias e perpetuar a cultura do estupro. Dados alarmantes foram ressaltados pela parlamentar: no Brasil, nove estupros por hora ocorrem, sendo 61% das vítimas menores de 14 anos.

Bomfim argumentou, também, que muitos casos de abuso acontecem dentro de casa, cometidos por familiares, tornando a declaração da cantora ainda mais grave. O Ministério Público analisará se houve crime na fala de Baby e se a D-Edge pode ser responsabilizada por ter permitido o evento.

O empresário Renato Ratier, dono da boate, afirmou discordar das declarações feitas no culto. Segundo ele, a fala de Baby foi “infeliz”, mas mal interpretada, pois a cantora estaria se referindo ao “perdão do coração”. Ratier defendeu que vítimas denunciem abusadores, distanciando-se do discurso que gerou indignação.

Críticas de especialistas e ativistas dos direitos humanos também foram geradas pelo discurso de Baby do Brasil. Para organizações que atuam no combate à violência sexual, a fala da cantora minimiza a gravidade dos abusos e reforça um sistema que protege agressores em vez de apoiar vítimas.

O culto na D-Edge também foi marcado por declarações contra religiões de matriz africana, além da polêmica sobre perdão a abusadores. Comentários que foram interpretados como discriminatórios foram feitos por Baby durante o evento, o que ampliou a indignação de diversos setores da sociedade.

Diante da repercussão negativa, a cantora ainda não se manifestou publicamente sobre o caso. Enquanto isso, a Promotoria de Justiça de Direitos Humanos segue analisando o ocorrido. Baby do Brasil e os organizadores do evento poderão enfrentar sanções legais, se comprovado crime. O episódio reacendeu o debate sobre o papel de figuras públicas na disseminação de discursos que podem causar danos sociais.

Questionamentos sobre os limites da liberdade de expressão e a responsabilidade de figuras públicas ao abordar temas sensíveis são levantados pelo caso envolvendo Baby do Brasil. Especialistas alertam que discursos como o da cantora podem desestimular vítimas de abuso a denunciarem seus agressores, perpetuando ciclos de impunidade e sofrimento.

Medidas contra Baby e os organizadores do evento podem resultar da investigação do Ministério Público de São Paulo, caso seja constatado que houve incitação ao crime ou discurso de ódio. Enquanto isso, o episódio segue gerando amplo debate nas redes sociais, com opiniões divididas entre quem defende a artista e quem considera suas falas inaceitáveis.

Independentemente do desfecho jurídico, o caso reforça a necessidade de discussões mais aprofundadas sobre a proteção das vítimas de violência sexual e a importância de combater discursos que minimizem ou justifiquem abusos, especialmente em espaços de influência pública.

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